Mudou o conceito de privado e público. Há muitos e muitos anos as coisas privadas mereciam, sigilo, sensibilidade cautela; mas isto faz parte de um passado muito remoto. Alias tem gente que nem acredita que as coisas já foram assim algum dia. O telefone fixo que já fez a alegria de muitas pessoas, hoje seu uso é um tanto quanto restrito e arcaico. Porque temos o telefone sem fio, e o celular, o qual é extensão da nossa casa. Objetos da era ultramoderna. Quando apareceu o celular as poucas pessoas que tinham acesso a ele, ficavam constrangidas a atendê-lo em público, tinham vergonha de parecerem arrogantes e diferentes, receio de que alguém pudesse ouvir aquela confidência que ela estava falando a meia voz. O uso do celular expandiu. As pessoas ficaram mais expansivas. Utilizam o celular em quaisquer lugares e da forma que mais lhes convém, mesmo que constranja alguém. Alias os incomodados que se mudem, ou que dêm um tempo para que a pessoa não seja incomodada, e fale em alto e bom tom tudo que tiver vontade..
Nos transportes públicos o uso do celular tornou-se ilário fala-se de tudo que se tem vontade, e daí? Qual é o problema de compartilhar aos usuários do coletivo aquela transa mal sucedida num motel de terceira. Confessar a participação em um crime, ditar a senha e contra senha da sua conta bancaria, número do cartão de crédito e até os dígitos de segurança. Fala de onde vem para onde vai, e até confessa que o funcionário xis a empresa ypsilon, será demitido. Informa ao interlocutor ou interlocutores que emprestou o carro para que um “camarada” pudesse desovar uns “bagulhos”, e por isto hoje está usando o “busão”. Mas que detesta esta gente mal cheirosa, e sem educação. Sem educação? Quem é mesmo sem educação e sem ética? Os pacíficos e passivos passageiros que ouvem tantas asneiras; ou quem fala alto tirando o sossego dos cidadãos que já não tem mais direito de terem direitos?
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